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Professor universitário e de pós-graduação, Doutorando em Contabilidade e Gestão pela Universidad San Carlos, Assunción, Py, Contador, Consultor, Financista, Projetista, Auditor, Radialista, Escritor, Poeta.

domingo, 17 de abril de 2011

O mundo vai se acabar...E nós com isso?

O mundo vai se acabar. E nós com isso?

O dia? 12 de abril.
O ano? 1961.
O personagem? Major Yuri A. Gagarin
O local? Estratosfera.
A frase? "A Terra é azul!".

Eu fico imaginando qual seria a frase do Major Yuri A. Gagarin hoje, enquanto estivesse dando voltas no corpo do seu Sputnik para não trombar com os quase quatorze mil entulhos metálicos que estão, nesse momento, circulando ao redor da terra. Provavelmente um sonoro: “Danou-se! O negócio aqui ta brabo!”

É interessante como o assunto meio ambiente ainda parece ser um assunto de simples retórica entre aqueles “xiitas” exagerados, terroristas de carteirinha, que parecem ter como grande diversão a prática corriqueira de predizerem o fim do mundo pelo desacerto das danosas ações ambientais que o resto da humanidade insiste em cometer contra nosso planeta mãe. Mas, infelizmente, não há exagero nas afirmativas daqueles. Antes houvesse.

Vamos admitir que já existem algumas ações que tratam do assunto de modo global. E o grande primeiro passo foi, sabemos, a Eco92, quando dirigentes de 90% do planeta se reuniram para discutir ações que pudessem, em médio prazo, levar os países do mundo á efetivação de sustentabilidade, ou seja, consumir hoje sem comprometer o amanhã. Mas parece que se esqueceram de combinar com a outra parte: os senhores consumidores.

De discussão em discussão, é público e notório que o principal óbice ao conceito de sustentabilidade, é o consumo. E aí nasce um problema sério. É que a definição de riqueza passa, necessariamente, pelo consumo. Tanto é assim que existe um princípio de riqueza em uma figura contábil chamada giro dos estoques. Quanto mais rápido, mais riqueza gerada. Mas como dizer a estes milhões de jovens que ralaram durante 15 anos estudando e que conseguiram seus sonhados diplomas e que estão dando certo no mercado de trabalho que não consumam? É um tremendo contra-senso. Claro que vão consumir. Então, a fórmula é tentar fazer com que consumam de forma responsável. Se fizermos com que estes jovens que estão chegando ao mercado de trabalho consumam de forma responsável, já teremos dado um fantástico passo no sentido da sustentabilidade. E como fazer isso? Trazendo cada vez mais o tema sustentabilidade para dentro das escolas, em todos os níveis. Consumir com responsabilidade é buscar consumir produtos que tenham origem ecologicamente correta. É o carro que polui menos, é respeitar os limites de velocidade economizando petróleo, é o tipo de lâmpada que se compra, é o apagar das luzes nos ambientes vazios, é o respeito ao consumo da água nos ambientes domésticos. E por faltar simples bom senso em medidas domésticas de ordem prática, é que o Estado de São Paulo acabou de editar uma lei que penaliza com multa o carro lavado na rua, com mangueira.

E o consumo leva ao modismo. E o modismo provoca verdadeiras vulcânicas erupções no nosso meio ambiente. Quer ver? Com franqueza, pense aí: entre 10 pessoas que você conhece, quantas mantêm o mesmo aparelho de telefone celular há –digamos – seis meses? Pois é. Poucas, não é? Agora, pense de novo: onde será que estão botando tanta bateria de celular no mundo? Bom, a lei determina que o usuário do telefone celular, quando tiver que trocar a bateria, deve encaminhar a bateria velha ao local onde ele comprou o celular. Mas isso não é, francamente, uma gracinha? Na teoria é lindo. Mas, na prática – pense de novo – quantas pessoas você conhece que já fez isso?

Outra ferramenta poderosa na reorganização ambiental é a universidade. Qualquer uma. Que forme qualquer tipo de profissional. No nosso caso específico, claro que vamos “puxar a sardinha” para nossa área: a Contabilidade.

Primeiro, constatamos que em 95% das grades curriculares dos cursos oferecidos no Brasil, simplesmente não existe nenhum componente curricular que tenha relação com o meio ambiente. Parece que meio ambiente é problema lá do outro e não nosso. Em Ciências Contábeis, por exemplo, só muito recentemente, a Universidade Estadual da Paraíba, na reformulação obrigatória da grade curricular do curso, avançou no tempo e criou o componente curricular Contabilidade Sócio-Ambiental. Já não era mesmo sem hora. Mas, de qualquer forma, não bastará apenas que o aluno simplesmente cumpra seus horários de aula para sair da Universidade completamente desvairado, um ambientalista xiita e apaixonado, defendendo o meio ambiente por cima de pau e pedra. De fato, não. É preciso que se faça entender que o cuidado empresarial com o meio ambiente pode e dá lucro, através da redução de certos custos, que sem atrapalhar os níveis de produção da indústria, principalmente, resultarão em poderosa ferramenta de marketing (produto produzido de forma ecologicamente correta), reutilização de águas da produção, economia de energia, revenda de sobras de produção (para as quais existe isenção de PIS e COFINS), etc...

Existe ainda, na outra ponta deste jogo, a figura do governo. É inadmissível que não exista um programa de incentivos fiscais específicos para as empresas ecologicamente responsáveis. Ao invés de simples ações coercitivas expressas na maioria das vezes por aplicação de pesadíssimas multas por infrações ambientais, gerando enormes passivos ambientais e transferindo 100% da responsabilidade ambiental para o empresário, o governo pode e deve criar programas específicos de incentivos para empresas que sejam suas parceiras na justiça ambiental. É o ICMS verde, é a redução do IPTU, é o investimento ecológico com redução do imposto de renda da pessoa jurídica.

Não existem fórmulas mágicas que possam fazer com que o meio ambiente se recupere em 10 anos dos estragos que a humanidade provocou á partir da revolução industrial da metade do século XVIII pra cá. Se nos lembrarmos que mais de 1 bilhão de pessoas vive em regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, responsáveis por 22% da produção de alimentos do mundo e que no Brasil, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, 32 milhões de pessoas habitam áreas que podem se tornar desérticas – áreas que ocupam mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, ou seja, 15,7% do território nacional, nós poderemos alcançar facilmente a perfeita definição do que seja refugiado ambiental. Por que, numa visão simplista, são mais 32 milhões de pessoas que vão migrar para as cidades, para se alojarem em favelas, que não terão condições de alcançar riqueza e renda, provocando o aumento de problemas sociais graves que já temos, onde muitos se desviarão para a marginalidade na sua pior face. Então, de algum modo, corremos o risco de cruzar amanhã com um refugiado ambiental que nos queira tomar à força o que a nossa falta de preocupação ambiental pelo consumo ecologicamente irresponsável nos permitiu ter. Exagero? Francamente espero que sim.

De minha parte, no mínimo, escrevi esse texto. E tenho o firme compromisso de lutar para que o amanhã de minha filha caçula Allê, de 4 aninhos, seja um amanhã sustentável. E se apenas um dos tantos que lerem esse texto se propuserem também a tentar fazer o amanhã de seus filhos ecologicamente sustentável, eu já me sentirei absolutamente pago.

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